domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fevereiro



Este fevereiro azul
como a chama da paixão
nascido com a morte certa
com prevista duração

deflagra suas manhãs
sobre as montanhas e o mar
com o desatino de tudo
que está para se acabar.

A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida.

Mas como tudo que vive
não desiste de viver,
fevereiro não desiste:
vai morrer, não quer morrer.

E a luta de resistência
se trava em todo lugar:
por cima dos edifícios
por sobre as águas do mar.

O vento que empurra a tarde
arrasta a fera ferida,
rasga-lhe o corpo de nuvens,
dessangra-a sobre a Avenida

Vieira Souto e o Arpoador
numa ampla hemorragia.
Suja de sangue as montanhas,
tinge as águas da baía.

E nesse esquartejamento
a que outros chamam verão,
fevereiro ainda em agonia
resiste mordendo o chão.

Sim, fevereiro resiste
como uma fera ferida.
E essa esperança doida
que é o próprio nome da vida.

Vai morrer, não quer morrer.
Se apega a tudo que existe:
na areia, no mar, na relva,
no meu coração — resiste.
(
VERÃO, Ferreira Gullar)

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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Filosofias de ônibus


Diálogo enriquecedor entre duas acadêmicas no ônibus, de volta pra casa.

Tico:
- A prova, como sempre, vai ser de dedução. Vais ver, e só enrolação!

Teco:
- É por isso que eu prefiro matéria decorativa, é isso, isso e pronto!


É minha gente... este é o país do futuro...
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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Alma errante.


Ontem me peguei revirando baús e escutando música brega. Depois, não sei porquê, já estava escutando ópera. É, eu tenho uma forte atração pelo que é velho, encardido, empoeirado. Eu olho para a dita coisa e penso: você deve ter muita coisa a contar... É assim com músicas, livros, fotografias, cadernos... E ai me pego as vezes pensando por que diabos eu fui fazer História, se eu queria ser jornalista? E por que algumas lágrimas tolas caem do meu rosto toda vez que escuto certas músicas do Roberto Carlos? E por que sempre fui mais atraída pelos homens mais velhos? E por que pessoas mais velhas me pedem conselhos? E por que um peso tão grande nas costas para um mísero 1/4 de século?

Isso me leva a pensar sinceramente que eu seja uma alma velha encarnada em um corpo ainda jovem. Talvez eu seja realmente a alma de alguma cigana errante que esteja lá pela sua centésima oitava reencarnação em busca da sua purificação. Ou talvez, eu seja mesmo é uma fera ferida, desconfiada por conta das tantas e tantas armadilhas que a vida já me preparou e agora o que busco é algum abrigo seguro para descansar.


Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída...

Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes
No peito atingido...

Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você...

Eu sei!
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei!
O coração perdoa
Mas não esquece a toa
E eu não me esqueci...

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou Fera Ferida
No corpo, na alma
E no coração...

Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo
Sem laços...

Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar
Um amigo...

Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz
De esquecer...

Eu sei!
Que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei!
Que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci...

(Fera Ferida, Roberto e Eramo)


É...essa música traduz em seus versos toda uma miscelânea de vivências e sentimentos que compõe a minha "pouca e vasta" trajetória.



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(F)utilidade Pública



Depois dizem que se preocupar com a aparência é pura frivolidade!!
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Música do dia*



Cofie em mim, baby, me dê tempo, me dê tempo, me dê tempo

Eu ouvi alguém dizer, oh, "Quanto mais velha a uva,
Mais doce o vinho, mais doce o vinho"

Oh, meu amor é como uma semente, baby,
Está crescendo com mais força dia após dia, sim,
Esse é o preço que você tem de pagar

Confie em mim, baby, me dê tempo, me dê tempo, por favor
Um pouco mais de tempo

Leva um corredor de auto-estrada só um pouco mais longe, querido
Oh, para fazer minha cabeça, eu preciso fazer minha cabeça
Oh, meu amor é como uma semente, baby, só precisa de tempo para crescer,
Está crescendo com mais força dia após dia,
Esse é o preço que ambos devemos pagar

Eu vou saber, saber que está pronta, oh pronta para me acalmar
Porque eu penso demais no seu amor, baby
Sim, e eu não quero complicar sua vida!

Então se você me ama como diz que ama, querido
Você não deveria se importar em pagar o preço, qualquer preço, qualquer preço
O amor foi feito para ser aquele tipo de coisa especial
Faz qualquer um querer o sacrifício
Oh, meu amor é como uma semente, baby, só precisa de tempo para crescer,
Está crescendo com mais força dia após dia,
Esse é o preço que ambos devemos pagar

Confie em mim, baby, confie em mim, baby,
Confie no meu amor, no meu coração
Mantenha a fé, baby, mantenha a fé em mim, querido, eu meu amor
Não vire seu rosto de mim, não não não não não não não
Você precisa acreditar em mim, baby, é, acredite em mim, oh...

*Trust me, Janis Joplin, Pearl.



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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Homenagem do dia: Malu Trindade



É isso mesmo, eu não me equivoquei. Camila Morgado eu aprecio desde os tempos da Manuela. Mas hoje eu quero falar é da própria Malu, a economista-maluquete de Viver a vida. Primeiro, a Malu me faz rir porque ela é caricatural. É o retrato da típica mulher bem-resolvida que só se mete em encrencas emocionais. Isso mesmo: só se apaixona pelos caras errados. Mulheres como Malu existem aos moooontes por aí. As características são em geral as mesmas: mulheres estudadas, de boa família, aparência invejável, independentes e ex-tre-ma-men-te carentes. Ou seja, alvos fáceis para tantos e tantos lobos maus que andam soltos por aí.
O segundo ponto que me chama atenção na Malu é o seguinte: ela está sempre impecavelmente elegante (tá, as vezes ela exagera um tantinho). Mas seja no trabalho ou no seu dia a dia ela é chic, chic de doer. É uma mulher que busca ser sensual e bem vestida até na hora de dormir.
O terceiro e último ponto que me chama atenção é que quando uma personagem bem vestida aparece em algum folhetim pode contar que é a vilã ou a perua-consumista-sem-nada-pra-fazer-a-não-ser-torrar-o-dinheiro-do-marido-no-shopping. E a Malu não é assim. A Malu é do bem (tirando o fato dela ficar se esfregando com o marido da prima). A Malu é séria mesmo sendo cômica. Trabalha e é reconhecida pelo que faz. Por isso eu acho que ela merecia algo bem melhor que o Gustavão. Ela merece ou não merece?
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A volta ao aconchego.


Peço perdão pela ausência repentina. Mas como podem ver, já estou de volta. Trouxe na bagagem muitas histórias para contar. Mas confesso que estou com uma daquelas crises de "preguicite intelectual". Sabe como é né? Escrever é que nem sexo: sem tesão não tem a mínima condição. Mas não se preocupem, logo logo estarei de volta ao ofício.
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